domingo, 20 de junho de 2010

Sentido, sentir e sinto.

E leva-se a linha do não saber.

Desenrola-se o fio,

O emaranhado no cordão.

Da dúvida, do tentar

E da ilusão...


Tanto...

Tanto sentido,

Tanto sentir, tanto sinto...


Há um, não vale dois?

Para dois vale-se tudo,

O sozinho não têm depois?

O junto sabe a reposta e eu não sei.

sábado, 19 de junho de 2010

Um grande poema, um grande literário!

Poema à boca fechada


Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

(José Saramago)

domingo, 13 de junho de 2010

Palavras vazias

Algumas vezes acontece desse jeito, exatamente o contrário do que poderia ser o outro jeito, essa é a lógica, lógica tão simples, mas que não é fácil de ser colocada como uma verdade em nossas vidas, não que eu esteja generalizando, mais posso dizer que comigo não é fácil não.

O que eu estou tentando dizer, é que algo que não sai como nós esperávamos é normal, porque nem tudo nos deixará satisfeitos, felizes, contentes, esse monte de coisas que nós definimos como realizações pessoais. Digamos que bem vindos ao mundo real! Será que é tão difícil levarmos essa lógica para nossas vidas, e estarmos cientes que devemos aplica-lá, para não nos sentirmos frustados? Minha resposta é que sim! é muito difícil. A verdade é que aqui todo mundo é um ser humano, e como já gostamos de dizer, errar faz parte e anda juntinho desse nominho que nos define, e por isso é difícil de abrir mão de pensar que tudo sempre vai dar certo em tudo que planejamos, porque afinal é tão mais bonito!

Mas as vezes, nem sempre, ou talvez muitas vezes, as coisas não são como queremos e isso nos magoa, e é lógico que sim! Quem não fica magoado com algo que te faz ficar frustado? Grite bem alto quem não, e venha se apresentar para mim e me contar essa história aí direito, certo!

E já que eu estou escrevendo o motivo de eu estar aqui hoje, vou escrever um pouco mais. É que eu sempre escrevo de modo que as reias coisas a serem passadas não são tão rápidas de se assimilar, porque eu temo que sejam, mais hoje eu quero escrever tudo, em muitas palavras! Muitas! Eu quero escrever mesmo!

A real é que, viver fazendo poesias encantadas, cheias de palavras sinônimas criadas por mim, não está fazendo sentido no dia de hoje! Claro que fez sentido em muitos dias, e fará em muitos outros, mais não no dia de hoje.

Então vamos começar no ponto de uma vez! As vezes perdemos muitas coisas, é disso que vou falar, de perdas que tive.

As vezes perdemos coisas que temos outras que nunca tivemos, as vezes perdemos mais de uma coisa “nos mesmo tempos”, e quando você perde algo que estava perto de você, doe muito, mas nem sempre a decisão é sua, e isso é outra realidade heim! Vamos nos adequando a viver dessa outra forma, com as coisas não tão perto de nós, mais acessíveis para nós as vezes, outras nunca mais.

Outra perda pode ser de algo que você nunca teve, descobri que pode ser um pouquinho pior, porque morre uma vontade, ela esfria, tiram ela de você, vêm a frustração, o desejo que doe. Algumas coisas são para sempre e mesmo que elas não fiquem perto de você isso nunca mudará, mais outras a gente vai ter que aprender a se desapegar, porque você nunca fez parte delas.

E se por um lado algumas coisas nasceram sendo parte de sua vida, por outro lado outras não, em um lado eu perco uma parte do que nasceu comigo mas, que ainda está em mim e sempre estará, e por outro lado, de uma outra frustração eu perco algo que eu me apeguei, mas que nunca tive. É o descarte, quando não há importância é fácil de se descartar, e você as vezes pode ser um. Acho que fui...


E finalmente o que deu título a essa postagem, uma poesia que eu não posso ir antes de deixar:


Palavras vazias

Falar e escutar o seu silêncio...

doeu mais do que poderia sentir

do que eu poderia sentir com as tuas palavras sinceras,

palavras que nem foram me procurar.


A angustia do depois é pior,

a vontade do sentir de novo inquieta,

a vontade do ouvir enlouquece

e o não ceder alucina.


Alucina a alma,

alma inquieta sendo segurada,

a realidade do que se foi e nunca esteve.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Que cheiro tem?



Sente, sente esse cheiro!
Tem cheiro...
Tem cheiro o ar e tem cheiro que vêm com o ar.
O ar tem que cheiro? E quantos cheiros o ar pode nos mostrar?

Tem cheiro com você e você tem cheiro.
Cheiro...
Tem cheiro eu com você.

Te dou então um cheiro,
e você me da um cheiro.
E que cheiro tem?

Tem cheiro nós.
Tem cheiro nós em nós.
Tem cheiro eu, que cheiro você.
Tem cheiro você, que me cheira.

Então sente, sente esse cheiro...
Que cheiro tem?
Seu cheiro me tem.
E os cheiros sem cheiro, que graça tem?
Tem cheiro a vida e tem cheiro que dá vida.
Quantos cheiros tem a vida? E a vida quantos cheiros tem?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Tão meio


Eu ando assim...
meio sem inspirações,
sem criar novos versos.
Meio triste,
meio feliz,
meio sorridente,
meio reluzente.

Com a estrela meio ofuscada,
com a vida meio enferrujada,
com as esperanças meio cortadas,
com as luzes meio apagadas,
tão meio para tantas coisas...

Tão Meio...
metade do meu totalmente.

Minha inspiração não está,
eu já bati na sua porta mais ela não está,
ela não escuta,
talvez ela não me veja,
talvez ela realmente não me escute,
talvez ela não me sinta,
o seu pouco é meu meio sem a sua parte no meu totalmente.

A quem diga,
e eu concordo,
que total já sou,
mas me sinto meio com as coisas
e totalmente com saudades.
Meu meio é tentar te sentir,
Meu total é te ter,
Meu meio no total de mim é a falta de você.