Quando éramos apenas crianças e aprendemos as cores, algo inconsciente ou bem consciente já despertava o preconceito nas pessoas: entre uma das cores que havia nas caixinha de lápis havia uma que desde muito cedo já me fazia pensar no por quê daquele nome. Era uma que todos chamavam de cor de pele. Vocês já notaram qual era a cor do lápis?
Hoje não mais criança e, refletindo melhor, comecei a fazer uma pequena relação disso com o preconceito racial, que de alguma forma nasce nas pessoas, por algum motivo que não sei entender por que nasce, mas sei que existe.
Parei para pensar naquela pergunta que fiz à minha mãe: “Por que os meus amigos da escola pedem o lápis cor de pele se a pele não é só daquela cor?”.
Não me esqueço dessa pergunta engraçada, de resposta muito fácil e muito complicada ao mesmo tempo.
Desde muito novos as crianças estão aprendendo que a cor da pele tem que ser aquela, a do lápis da caixinha de lápis de cor, aquela que levamos para o “prezinho”, lembra? Aquela que até nós, quando pedíamos emprestados, chamávamos por esse nome... e que de alguma forma, sei lá por que, alguém deu o nome de lápis cor de pele, e assim aprendemos a chamar. Sim, aquele de cor clara, meio rosadinha...
Crescemos tendo que inconscientemente aprender que a cor da pele tem que ser apenas daquela cor. Por que os lápis vermelho, amarelo, marrom, preto e branco, não se chamam também lápis cor de pele?
Como as pessoas não cresceriam com esse preconceito, se quando ainda crianças aprendemos a pintar com um lápis que denominávamos cor de pele, e que nem sempre todas as pessoas que pintavam seus desenhos tinham suas cores de pele daquela igual ao do lápis? Quem chamou aquele lápis de cor de pele? Sim, nós chamamos, e sem perceber fomos preconceituosos conosco mesmos ou não, mas fomos.
Sei que aprendi também que ao me fazerem a pergunta “Ei... me empresta o lápis cor de pele?”, eu simplesmente irei responder: “Qual das cores você vai querer?”.
Percebi que ainda criança me ensinavam o preconceito racial, e que desde criança queriam fazer com que acreditássemos que a cor da pele era apenas uma, e podia se definir e limitar-se a um simples lápis de cor, o lápis cor de pele.
Esse texto será publicado na " Revista Viração", em janeiro de 2009.
autora: Simone Nascimento